MULHER, ÁRVORE DA VIDA
Atualizado: 9 de Abr de 2020

As mulheres têm vivido e reproduzido a espécie num mundo que as oprime e lhes nega os direitos a que têm direito. Sua função, papel e importância têm sido sempre o de ser inferior ao homem e está a ele subjugada e subsumida. E o interesante é que, quando se toma como referência principal o Livro Sagrado do cristianismo, a Bíblia, encontramos essa posição bem definida. Então, acompanhando essa abordagem, fiz um poema para tentar compreender o que significa e como foi interpretado o papel da mulher no processo de humanização. Eis aí o resultado:
Mulher, árvore da Vida...
Desde o princípio,
o Senhor tinha criado o paraíso,
no qual pôs o homem
que tinha formado do barro da terra
e nele insuflou o sopro de vida.
Concluiu que não era bom
que o homem estivesse só.
Então lhe mandou
um profundo sono.
Enquanto ele estava dormindo,
tirou uma de suas costelas,
e pôs carne nela.
Assim, formou a mulher;
e a levou ao homem
exclamando:
Eis aqui agora o osso
dos meus ossos
e a carne da minha carne.
Ela se chamará Vida,
porque do varão foi tomada.
Por essa razão, deixará o homem
seu pai e sua mãe,
e se unirá à sua mulher;
E serão dois uma só carne.
Ora um e outro,
isto é, o homem e sua mulher.
Estavam nus.
E não se envergonhavam.
Podiam fazer tudo que quisessem.
Desfrutar de todas as coisas,
menos dos frutos
da árvore do Senhor.
E a serpente, considerada traiçoeira,
perguntou à mulher:
Por que o Senhor mandou
que não comêsseis os frutos
de todas árvores do paraíso?
Respondeu-lhe a mulher:
Nós comemos do fruto das árvores,
Só não daquela,
Que está no meio do paraíso.
Não o fazemos porque
o Senhor ordenou
que não os comêssemos.
E nem a tocássemos,
Senão morreremos.
Então a serpente disse:
De nenhum modo morrereis.
E não, por quê?
Porque o Senhor sabe que,
em qualquer dia que comerdes
daquele fruto proibido,
os vossos olhos verão o mundo.
E sereis como deuses,
conhecendo o bem e o mal.
A mulher voltou-se para a árvore
e viu que o fruto dela
era formoso aos olhos,
de agradável aspecto;
era bom de comer.
Tirou da árvore o fruto
E o comeu e isso lhe deu
prazer. Em seguida,
Deu-o ao homem, para que
sentisse o que ela sentira.
E os olhos de ambos se abriram;
E tiveram consciência de que estavam nus.
Juntaram algumas folhas de figueira,
e fizeram para si coberturas para
proteger as partes onde tinham
tido muito prazer.
No meio das árvores,
homem e mulher se esconderam
para tentar compreender o
que tinha acontecido.
Aparece o Senhor
e pergunta ao homem:
Onde estás?
E ele respondeu:
Ouvi Tua voz, Senhor,
Mas, como estava nu,
tive medo e vergonha.
Escondi-me.
O Senhor disse:
Mas quem te fez conhecer
E saber que estavas nu?
Ele disse:
A mulher que me deste.
O que ela fez?
Deu-me o fruto da Tua árvore,
Daquele que proibiste.
E comi!
O Senhor se virou para a mulher
E perguntou:
Por que fizeste isto?
Ela simplesmente respondeu:
A serpente enganou-me,
dizendo que não iria morrer,
conforme dissestes.
E, então, do fruto proibido, comi!
O Senhor chamou a serpente,
inquirindo-a, sentenciou:
Porque fizeste isso e por
tua desobediência às ordens,
serás maldita entre todos
os animais que povoarão
a terra. Andarás rastejando
e terra será teu alimento. Aí, então,
haverá inimizade entre ti e a mulher.
Ela pisará tua cabeça e tu
armarás traições contra ela.
Virando-se para a mulher, o Senhor
pronunciou a sentença.
Mulher, terás os teus trabalhos multiplicados,
e, especialmente o dos partos.
Carregarás no teu ventre a caverna onde
germinará a tua espécie.
Darás à luz com dor os filhos parir(?)
Para povoar o mundo.
Estarás sempre sob o poder
do homem. Ele te dominará e
te submeterá aos prazeres dele.
Voltou-se para o homem
e perguntou: Por que deste ouvido
à voz de tua mulher,
E provaste do fruto da árvore,
que te proibi de comeres?
Então, afirmou:
Por tua causa, homem, e
por tua fraqueza,
a terra será maldita.
Precisarás tirar dela, com trabalho penoso,
o sustento para sobreviveres,
todos os dias de tua vida.
E mais, pela tua desobediência,
a terra que vais habitar produzirá
espinhos e abrolhos, e comerás
a erva da terra, e o pão com
o suor do teu rosto, até que voltes à terra,
na qual foste tomado, gerado, produzido.
Isto porque tu és pó,
e ao pó hás de retornar.
E tu, mulher, receberás o poder
de ser natureza, terra, fogo e água,
e ser a mãe de todos os viventes !
Serás, enfim, a árvore da vida¹.
¹ Adaptação em forma poética da Gênesis e a origem o homem. Recife, 09 de setembro de 2010.